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23 de fevereiro de 2010

Logística eficiente garante rentabilidade do negócio



Logística brasileira esbarra nas rodovias precárias, ferrovias ultrapassadas, aeroportos insuficientes e portos obsoletos
Quando se fala em logística, muita gente pensa que é somente o transporte de mercadorias. A definição, no entanto, é bem mais ampla. Por trás das mercadorias que chegam nos dias marcados nas casas dos clientes está uma estratégia bem articulada que envolve desde a administração da produção, a gestão de parceiros, o controle de estoques e a distribuição. Isso significa dizer que ter um serviço de logística eficiente, mais do que uma boa campanha de Marketing, é garantir a rentabilidade dos negócios. Até porque, de acordo com Adalberto Panzan, presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog), ela está presente em praticamente todas as atividades empresariais.
A logística ganhou importância, a partir do advento da globalização. Com o aumento da circulação de mercadorias e a necessidade de reduzir custos e de aumentar as vendas, as empresas passaram a investir em cadeias de suprimentos eficientes. Mas, por serem atividades de difícil condução, elas envolveram nos projetos fornecedores de matérias-primas e operadoras de frotas de transporte. A crescente circulação de mercadorias também é resultado do aumento de negócios feitos por meio da Internet, na qual a maioria dos comerciantes eletrônicos anuncia produtos vinculados a entregas imediatas.
Terceirização
Para cuidar melhor da cadeia de suprimentos e dedicar mais tempo aos negócios, uma das saídas é terceirizar a maior parte da produção. A espanhola Zara, uma das maiores fabricantes e redes de varejo de roupas da Europa, tem seus produtos confeccionados por pequenos parceiros e sempre em lotes pequenos. Isso permite menos tempo para a renovação de seus estoques.
A estratégia dá certo porque a logística da Zara é eficiente. Dessa forma, um vestido produzido em La Coruña (sede da empresa) pode ser entregue em qualquer uma de suas lojas em todo o mundo em poucos dias. Essa capacidade de despachar produtos tornou-se um símbolo para a companhia.
Empresas como a Cisco, maior fabricante mundial de equipamentos de rede para Internet, encontrou na terceirização de parte de sua produção uma fórmula para ganhar mais tempo para se dedicar ao próprio negócio. Partir para esse campo, no entanto, exige elevado grau de planejamento logístico, pois envolve parceria com uma série de empresas.
O mesmo se aplica à indústria automobilística. Por meio de um sistema de logística sofisticado, centenas de fornecedores da japonesa Toyota entregam peças sob a modalidade just-in-time (fornecimento de peças necessárias, nas quantidades necessárias e no tempo necessário), ou seja, na quantidade necessária e no momento certo. O índice de falhas é próximo de zero.
Interferência
Por estarem se transformado em gigantes dos negócios, as empresas de transportes expressos acabam tendo grande poder de interferência no dia-a-dia de seus clientes. A UPS, por exemplo, que transporte 14 milhões de pacotes por dia nos Estados Unidos, conserta por conta própria os laptops (computadores portáteis que podem ser levados e usados em qualquer lugar) Toshiba entregues com defeito. Seus técnicos são treinados pela empresa japonesa.
Mas se nos Estados Unidos a logística se expande cada vez mais, no Brasil, estradas precárias, ferrovias ultrapassadas, aeroportos insuficientes e portos distantes da modernidade impedem que ela se desenvolva no mesmo ritmo dos países emergentes, como a China e a Índia. De acordo com estudo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV) apenas 44% das empresas instaladas no País empregam algum tipo de tecnologia em logística. Pouco se comparado aos Estados Unidos, cujo percentual é mais que o dobro.

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